É São João no Nordeste! Passeio a Caruaru-PE
- A GARUPA
- 21 de jun. de 2016
- 6 min de leitura
Nesse primeiro passeio de São João num bate-volta, AGARUPA esteve com os amigos motociclistas no Alto do Moura em Caruaru-PE. Este foi o nosso destino. Saímos da capital Recife-PE pela BR-408 e PE-090 até Limoeiro-PE. Depois PE-095, passando por Passira-PE até o Alto do Moura, já em Caruaru-PE.
Nossa primeira parada foi para um café da manhã regional delicioso na Palhoça da Pamonha na cidade de Limoeiro. O lugar é simples mas aconchegante porque o proprietário, que se chama Bença, faz questão de nos atender pessoalmente. Ele faz nos sentirmos em casa. E eu N-U-N-C-A comi uma pamonha tão boa na minha vida! Aliás, tudo lá é muito saboroso e de produção própria (caseira). Os alimentos são feitos no mesmo dia com a simplicidade e o capricho que o povo hospitaleiro nordestino tem. Quando vamos lá, avisamos um dia antes e ele logo se organiza para nos receber, e serve na mesa: garrafas de café fresquinho, macaxeira (aipim), carne de boi, de bode e galinha ao molho (aqui chamamos carne guisada), o nosso tradicionalíssimo cuscuz, 'A PAMONHA' (saborosíssima), bolo de milho, bolo de macaxeira com coco, um bolo pé-de-moleque diferente, queijo coalho, queijo manteiga, ovos, sucos...

Assistam ao vídeo do passeio, está muito legal...
As Festas Juninas
Embora sejam comemoradas em todos os cantos do Brasil, na Região Nordeste essas festas ganham uma expressão diferente e ainda mais marcante. O mês de junho é o momento de se fazer homenagens aos três santos católicos: São João, São Pedro e Santo Antônio. Como é uma região onde a seca é um problema grave, os nordestinos aproveitam as festividades para agradecer as chuvas raras na região, que servem para manter a agricultura.
Nesse período as feiras livres ficam lotadas de pilhas de milho por toda parte e fogueiras para vender. As ruas das cidades, principalmente as do interior, enchem-se de muitas cores com as bandeirinhas coloridas espalhadas e amarradas entres os postes de iluminação pública, em todos os locais de festejos e até adornando as casas. As barracas com comidas típicas desse período e com a venda de fogos de artifícios espalham-se pelas calçadas atraindo com seu sabor peculiar e visual, os visitantes, e o clima é só de alegria!
Esse é o período quando mais se escuta, em todo local, as músicas chamadas forró pé de serra e o novo sub-gênero de forró, o "forró universitário". Os ritmos mais comuns do gênero forró pé de serra são: Baião, Xaxado, Coco, Embolada e Galope (também conhecido como quadrilha ou arrasta-pé). Ligados ao forró pé de serra, mas não necessariamente classificados como tal, também há o Maracatu, o Repente, a Viola Caipira, o Samba de roda (refere-se ao baiano, diferente do samba de roda carioca), as Cantorias, Aboios etc.
Há duas explicações para a origem do termo "Festa Junina". Numa primeira explicação o surgimento se dá em função das festividades, principalmente as religiosas, que aconteciam e ainda são festejadas até hoje no mês de junho. Estas festas eram, e ainda são, em homenagem aos três santos católicos: São João, São Pedro e Santo Antônio. Outra versão diz que o nome desta festa tem origem em países católicos da Europa e, portanto, seriam em homenagem apenas a São João.
Mas segundo historiadores, a festa junina foi trazida ao Brasil pelos portugueses ainda durante o período colonial. Nessa época havia uma grande influência de elementos culturais portugueses, chineses, espanhóis e franceses. Da França veio a dança marcada, característica típica das danças nobres e que, no Brasil, influenciou muito as típicas quadrilhas.
As Quadrilhas são típicas no período junino ... E vocês, já ouviram falar da quadrilha junina?
É uma dança típica. No começo a quadrilha no Brasil foi chamada de “Quadrilha de Arraiais”. É impossível imaginar uma festa junina em que não tenha pelo menos uma apresentação de quadrilha! Apesar de ser algo tão comum em festas de São João, nem todo mundo sabe qual é a origem dessa dança.
A dança que faz inúmeras referências aos caipiras e matutos na verdade tem sua origem muito distante do Brasil. Muitas teorias a respeito de que a quadrilha tenha sido criada na Europa como uma dança da elite. Mas os historiadores ainda não chegaram a um consenso de qual seria o local exato da criação da dança. A quadrilha pode ter vindo de Paris da contradança chamada “quadrille”, na França do século XVIII. A dança era muito apreciada pela corte e acabou se tornando uma dança apreciada popularmente. Ela foi se adequando aos costumes brasileiros. Com o passar do tempo foram sendo feitas modificações como, por exemplo, o aumento do número de casais e alguns passos e ritmos tipicamente franceses foram deixados de lado. Dentre as modificações que os brasileiros fizeram na dança, estão as músicas escolhidas para embalar os dançarinos, um animador vai orientando os participantes. Tem também o casamento caipira. Quando a quadrilha é ensaiada e apresentada por bailarinos adultos, eles interpretam a história em que o rapaz engravida a moça e é obrigado pelo pai dela (o sogro) a casar. Sabia que há até competição de quadrilhas? Ganha aquela que apresenta mais criatividade (animação, sincronia dos passos, cores etc).
Além de alegrar o povo da região, as festas juninas representam um importante momento econômico, pois muitos turistas visitam cidades nordestinas para acompanhar os festejos. Hotéis, comércios e clubes aumentam os lucros e geram empregos nestas cidades. Embora a maioria dos visitantes seja de brasileiros, é cada vez mais comum encontrarmos turistas europeus, asiáticos e norte-americanos que chegam ao Brasil, especialmente na Região Nordeste, para acompanhar de perto estas festas.
Já a tradição de soltar fogos de artifício veio da China, região de onde teria surgido a manipulação da pólvora para a fabricação de fogos. Da península Ibérica teria vindo a dança de fitas, muito comum em Portugal e na Espanha.
Todos estes elementos culturais foram, com o passar do tempo, misturando-se aos aspectos culturais dos brasileiros (indígenas, afro-brasileiros e imigrantes europeus) nas diversas regiões do país, tomando características particulares em cada uma delas.
As Comidas Típicas
Como o mês de junho é a época da colheita do milho, grande parte dos doces, bolos e salgados, relacionados às festividades, são feitos desse alimento. Pamonha, canjica, bolo de milho verde, milho cozido, cuscuz de coco, pipoca são apenas alguns exemplos.
Além das receitas com milho, também fazem parte do cardápio dessa época: arroz doce, bolo de amendoim, bolo de macaxeira, bom-bocado, broa de fubá, cocada, pé-de-moleque etc.
O passeio - Alto do Moura - Caruaru/PE
Nosso passeio desse dia teve como principal destino uma visita ao Alto do Moura. Houve um fato interessante e que gostamos muito porque não é habitual ocorrer esse tipo de fenômeno em nosso estado. Na ida, quando passamos em uma das partes mais altas da estrada, pegamos uma forte neblina. Era cedo e o clima estava muito agradável, um friozinho com umidade, tanto que as viseiras dos nossos capacetes ficaram bem embaçadas com o orvalho da manhã. Todos do grupo comentaram que gostaram muito desse momento e que valeu o passeio. Apesar de ter sido rápido, conseguimos registrar esse momento.
O Alto do Moura é um bairro de Caruaru onde se concentra uma comunidade de artistas do artesanato de barro. Ele está situado a cerca de 7 km do centro da cidade, é considerado, pela Unesco, o maior centro de arte figurativa das Américas. Nesse artesanato há uma grande influência da cultura indígena, assim como a existência também de algumas práticas introduzidas pelos negros e pelos portugueses.
Durante a primeira metade do século XX a produção se transformou numa fonte de renda auxiliar para a subsistência das famílias da zona rural. Um dos principais fatores para o aumento da produção de cerâmica de barro na região foi a existência da Feira de Caruaru, onde se poderia comercializar os objetos confeccionados com mais facilidade. A partir da ida de Vitalino para o local, em 1948, houve uma nova perspectiva para a comunidade. A fama nacional do Mestre contribuiu para facilitar a comercialização das peças, tornando-se uma atividade lucrativa. No Alto do Moura, os artistas trabalham nas suas casas, modelando o barro e criando diversos objetos e figuras de todos os tipos. Suas casas são verdadeiros ateliês onde, além de criar, eles vendem o produto do seu trabalho. Os temas básicos dos artesãos são motivos folclóricos e que retratam o cotidiano do homem sertanejo: o bumba-meu-boi, o maracatu, as bandas de pífano, os retirantes da seca, o cangaço e os cangaceiros, principalmente os famosos Lampião e Maria Bonita, o vaqueiro, a vaquejada, o casamento e o enterro na zona rural.

Em 1971, a casa onde viveu Vitalino Pereira dos Santos (1909-1963) foi transformada na Casa Museu Mestre Vitalino. No local, são expostos suas principais peças, objetos pessoais, fotografias, mostrando um pouco da história do famoso artesão caruaruense.
Confira mais imagens desse passeio:
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