top of page

Já pensou sobre o impacto do etanol na mistura da gasolina para o seu motor?

  • A GARUPA
  • 18 de dez. de 2015
  • 8 min de leitura

Você já imaginou que o motor de sua moto a gasolina pode estar sendo prejudicado pelo excesso de etanol (álcool) misturado a alguns tipos de gasolina?


Quais os danos causados aos veículos com o aumento da mistura de etanol à gasolina?


Há como se proteger disso?



Confira o funcionamento básico de um motor de combustão...




Em março deste ano (2015) a gasolina usada pelos brasileiros passou a ter mais etanol em sua composição, o percentual do biocombustível etanol na mistura passou de 25% para 27%, isso para as gasolinas comum e aditivada. A única que ficou blindada desse aumento foi a premium, que continua com um percentual de 25%. A decisão foi o desfecho de meses de negociação entre governo, montadoras e o setor sucroalcooleiro.


Então como fica a situação das motocicletas que não usam motores bicombustíveis?


Essa decisão de não aplicar a mudança para a gasolina premium partiu de um pedido feito pela associação de fabricantes de veículos, a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), visando esperar os resultados dos testes de durabilidade nos motores de veículos movidos somente a gasolina. E o governo federal aceitou não mexer na mistura desse tipo de combustível por ora, a pedido das montadoras mesmo.


Isso nos deixa de “antenas ligadas” porque ainda não sabemos se esse aumento pode ou não prejudicar os motores da maioria de nossas motocicletas movidas apenas a gasolina. Essa negociação de manter pelo menos a gasolina premium com o mesmo percentual de etanol até o resultado dos testes realizados pelas montadoras, veio para proteger o consumidor que possui veículo apenas a gasolina.


O pior é que, a depender da avaliação feita, a cadeia produtiva de açúcar e etanol pedirá a elevação da mistura dos atuais 27% para 27,5%, e solicitará também novos testes para um possível aumento desse porcentual para 30%!




No mês seguinte (abril) à mudança do percentual de etanol acrescentado às gasolinas comum e aditivada, de 25% para 27%, o então presidente da Anfavea, Luiz Moan, informou que havia sido entregue os testes de durabilidade ao grupo interministerial que cuidará do assunto. No entanto, ele não deu detalhes a respeito das avaliações e recomendou o uso da gasolina premium nos veículos abastecidos apenas com o derivado de petróleo, até que os testes sejam analisados.


No mês passado (novembro) a Associação Americana de Motociclistas (AMA - American Motorcyclist Association) ficou extremamente desapontada com o EPA - (Environmental Protection Agency) Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos que cedeu à pressão da indústria do etanol e concordou em incluir mais etanol na mistura do combustível utilizado pela maioria dos norte-americanos. O combustível mais usado nos EUA é uma mistura que se chama E10, 90% de gasolina e 10% de etanol. Esse aumento representa 50% de etanol a essa mistura, passando agora a um Combustível E15, 85% gasolina e 15% etanol.


É incompreensível isso porque em abril do ano passado (2014), a AMA declarou que a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) já havia reconhecido publicamente que o etanol na gasolina poderia danificar os motores de combustão interna, causando o aumento da temperatura de escape e, indiretamente, falhas de componentes. As demonstrações da EPA são encontradas em uma proposta de regra emitida pela Comissão Federal de Comércio dos EUA. A EPA levantou preocupações sobre a falha do motor por superaquecimento. Essas declarações trazem de volta a antiga posição da AMA que lutou para proteger os veículos e motos de todo o território norte-americano dos danos causados pelo etanol. Wayne Allard é o vice-presidente da AMA para as relações com o governo e declara que a EPA já havia reconhecido que o etanol em si é prejudicial para as emissões e outros componentes em todos os veículos a motor. Disse que está na hora de o governo federal voltar um especial olhar e repensar o etanol nos combustíveis, está na hora de mudar toda a sua abordagem a esse respeito.


No mais são aproximadamente 22 milhões de motocicletas e quadriciclos (ATVs - All-Terrain Vehicles) circulando atualmente nos EUA que não podem e não estão preparados para utilizar combustíveis com misturas superiores a 10% de etanol, é ilegal e, além do mais, pode causar danos ao motor e anular a garantia do fabricante.


Por que estamos falando tudo isso??!! Em países de primeiro mundo há uma mobilização e uma preocupação muito grande a esse respeito, com o tipo de combustível usado nos veículos. No Brasil os combustíveis são muito caros e ainda não têm a qualidade recomendada pelos fabricantes de motores.




Vantagem ou desvantagem?


O etanol e a gasolina são combustíveis diferentes e existe uma diferença na quantidade de calor que um necessita para evaporar em relação ao outro. Imagine você colocando em seu fogão uma vasilha com ambos os combustíveis. Um vai demorar mais para ferver e evaporar em relação ao outro.


O etanol precisa de mais calor para evaporar ou vaporizar (910 kJ/kg) comparado à gasolina (390 kJ/kg). Uma diferença de 32% pra ser mais exato. O que significa que, para alcançar a mesma quantidade de energia liberada na combustão da gasolina, precisaremos injetar mais etanol quando o combustível é injetado no coletor de admissão (dentro do motor). A massa de ar em contato com o líquido é resfriada pelo calor que o combustível rouba para se vaporizar. Quanto mais etanol houver na gasolina, mais fria a mistura que entra na câmara. Menor temperatura significa maior densidade, e maior densidade significa mais mistura dentro da câmara, que nos leva a maior potência. Isso impulsiona o ciclo gerando benefício ao motor, que trabalha com menor carga térmica, consequentemente menor desgaste, maior consumo do combustível.


O aumento da quantidade de etanol na gasolina, por incrível que pareça e ao contrário do que se pensa, eleva a viscosidade da mistura, lubrificando melhor o sistema de injeção. Esse nível de viscosidade não pode ser muito elevado pois pode dificultar a formação das gotículas necessárias a vaporização ideal. Já uma viscosidade baixa demais acarreta problemas de lubrificação do sistema de combustível, pois não haverá formação de filme lubrificante nas bombas, carburadores e bicos injetores.


Estudos também demonstraram que a adição de etanol reduz a emissão de CO (Óxido de Carbono) e Nox (Número de oxidação). Além disso, por ser de origem vegetal, as emissões totais de CO² (gás carbônico) do etanol é menor, pois considera-se a absorção do dióxido de carbono da atmosfera durante o crescimento da planta que servirá para a produção do etanol.


Por ser um composto oxigenado e higroscópico (composto vegetal), o etanol é reativo com determinados metais. Essa reação causa a oxidação desses metais e borrachas do motor quando não são tratadas para o contato com o etanol. A afinidade com a água presente no ar, faz com que o etanol forme um gel e haja a separação de fases entre a gasolina e o etanol quando o combustível fica parado por períodos longos (40 dias). Esse gel pode obstruir os bicos de injeção, filtros e bombas. A gasolina parada se separa e tem octanagem mais baixa, que nos leva ao risco de pré-detonação (vamos falar mais adiante sobre octanagem). Portanto caso seja necessário deixar o veículo parado por períodos longos (mais de 40 dias), o ideal é que o tanque e as linhas de combustível sejam drenadas.


A maior porcentagem de etanol acaba acelerando sensivelmente esses processos corrosivos, especialmente em veículos mais antigos; por outro lado, como a mistura gasolina/etanol é amplamente usada pelo mundo, a tendência é cada dia mais a mudança da cultura para uso de energia renovável. Conheça o futuro AQUI!


Como ficam então os proprietários de motos com motor só a gasolina??


Hoje o percentual máximo de mistura do etanol recomendado em estudo divulgado em 2014 (Veja Mais) é de até 30%, sem riscos para motores a gasolina. Porém o relatório recomenda que não passe desse percentual.


Então amigo motociclista, cuidado onde abastecer sua moto, pois muitos postos acabam fazendo a mistura de mais etanol a gasolina e isso pode ser prejudicial ao seu motor. Neste caso, você estará sendo prejudicado também no "bolso", pois paga pelo litro de gasolina, mas leva etanol, que é bem mais barato e tem menor poder calorífico, rendendo ainda menos.


A Anfavea recomenda, e alguns fabricantes de veículos também, o uso somente de gasolina premium em seus veículos – principalmente os que possuem a tecnologia de injeção direta. Esta recomendação vem porque o percentual de mistura do etanol é menor neste tipo de combustível que na gasolina comum.



...



Conclusão!


- ETANOL E GASOLINA devem ser misturados, mas em percentual baixo. Enquanto o mercado americano tenta diminuir o percentual de etanol no seu combustível para não causar prejuízo ao consumidor e danos aos seus veículos, o brasileiro aumenta mais e mais, pensando na redução dos valores e, o governo, visando subsidiar o setor sucroalcooleiro. Algumas decisões devem ser muito bem estudadas e analisadas sob diversos prismas, que não apenas o ganha-ganha.


Mesmo com o movimento mundial em diminuir o uso de combustíveis fósseis, optando pela utilização de energias renováveis, o mercado ainda não está, infelizmente, pronto para mudanças sem que não haja prejuízo ou torne inviável o uso de motor a combustão.


- Os proprietários de motocicletas que não têm motor bicombustível, devem sim se preocupar com a qualidade duvidosa do combustível que consome, fazendo opção por um posto confiável onde as misturas não ultrapassem os limites de misturas recomendados. Se possível usar sempre que puder, a gasolina onde sua mistura de etanol seja a menor possível, dependendo da bandeira.


- Infelizmente não há como evitar um percentual abaixo de 25%, ou seja, não temos oferta no mercado brasileiro de uma gasolina com menos etanol.


- Caso precise deixar sua motocicleta parada por período superior a 40 dias, é recomendado a drenagem (retirada) e substituição do combustível por outro novo, pois ocorre uma mudança (separação da gasolina e álcool) quando parado por muito tempo, influenciando o processo de combustão e prejudicando peças e o sistema de injeção.


- Gasolina aditivada tem menos enxofre, ou seja, demora muito mais tempo para estragar, podendo permanecer mais tempo no tanque, mas o teor de álcool é igual a gasolina comum.


- É mito que a gasolina aditivada aumenta a potência do motor! Esse tipo de combustível tem apenas um aditivo inserido com o intuito de melhorar o sistema de combustão, diminuindo o atrito e os desgastes das peças. No entanto ela tem a mesma octanagem da gasolina comum (87 octanas, pelo método IAD – índice anti detonante).


As gasolinas premium têm maior octanagem, geralmente 91 octanas. Só que o combustível com mais octanagem somente terá efeito prático nos motores com alta taxa de compressão e potentes, como os esportivos de luxo que podem alcançar velocidade superior a 200 km/h.


OCTANAGEM: Octanagem é a medida de resistência do combustível à pressão que ele sofre dentro da câmara de combustão do motor. Ou seja, é a capacidade que o combustível tem de resistir, em mistura com o ar, ao aumento de pressão e de temperatura sem detonar (isso sem que a faísca de vela tenha sido disparada pelo sistema de ignição). Quanto maior a octanagem, maior será a resistência do combustível à detonação. Assim, com maior octanagem, é possível que os motores operem com maiores taxas de compressão.


É importante lembrar que a potência está diretamente ligada à taxa de compressão.


Então amigos motociclistas ... caso você precise exigir do seu motor altas taxas de compressão/giros, é preferível um combustível com uma taxa de octanagem maior possível e menor número de mistura possível de etanol, ou seja, o combustível premium oferecido pelas bandeiras brasileiras.





Comments


© 2015 por WCSTUDIO.COM.BR

  • b-facebook
  • Instagram Black Round
bottom of page